terça-feira, 14 de maio de 2013

UM SET PARA: LUCAS GALVÃO

Aos quatro anos de idade ele já frequentava locadoras de vídeo.Na adolescência levou um choque ao assistir Laranja Mecânica, nunca mais esqueceu Stanley Kubrick. Descobriu Truffaut, Glauber, Win Wenders... E das profundezas da sétima arte nunca mais saiu. Nem quando o rock bateu sua porta e o Guns n roses e Iron Maiden fizeram sua cabeça a ponto do cara querer formar uma banda de rock..
Com 1,84 de altura e  aos 24 anos ele ainda tem  cara e atitude de um pop star underground. Mas o Cinema gritou muito mais alto e falta pouco para ele receber o canudo de Cineasta pelo Instituto de Educação Superior de Brasília. Enquanto isso não acontece alguns dos seus trabalhos como o Documentário "UM FILME QUE DEIXAMOS DE VER" que fez ao lado dos colegas André Santos,Tony Elbert e Julien Rose, quando era aluno de Cinema da Universidade Potiguar,  desperta respeito.O filme discute a extinção das salas de cinema de rua de Natal, assunto que vem ganhando cada vez mais espaço, atenção e debates por todo Brasil. 
Com o SET preparado, tenho o prazer de trazer para vocês o Documentário e pedir  LUZ, CÂMERA e AÇÃO para meu amigo:





1 -  O que motivou  vocês a falar sobre esse tema?

Sabemos muito bem que os cinemas de bairro praticamente já se extinguiram em quase todo território brasileiro. O circuito exibidor, ao longo do tempo, se adaptou às "exigências" capitalistas, e hoje, se quisermos ir ao cinema, somos obrigados a entrar em um shopping center. Muita gente, inclusive, acaba indo ao cinema por "consequência" de estar no shopping. Preocupados em resgatar um pouco de como era vivenciar a experiência de ir ao cinema de uma forma mais intensa, eu e meus colegas resolvemos tirar do baú um pouco da história dos cinemas de bairro da cidade, e mostrar que Natal já possuiu vários cinemas que funcionavam muito bem. A minha geração, por exemplo, praticamente não teve contato com o circuito exibidor de bairro, local que se ia para assistir a um filme, e, até pela consequência do próprio ambiente, as pessoas eram incitadas a discussão fílmica pós- sala de projeção. Achamos propício relembrar um pouco desses valores que foram perdidos "no decurso do tempo", e que fizeram parte da nossa cultura durante muitos anos.


2- O que você destacaria de mais importante na retomada que ocorreu durante a pesquisa e filmagens?

O processo de pesquisa foi meio rápido, pois não tivemos muito tempo para desenvolvermos uma pesquisa mais complexa. Respondendo por mim, posso dizer que, a cada vez que ia pesquisando mais sobre o tema, sentia-me como se estivesse no passado, vivenciando tudo aquilo. Descobrimos a existência do livro “Écran Natalense" do jornalista Anchieta Fernandes - o qual também aparece no documentário. O livro é um resgate da história do cinema em Natal, e fala profundamente bem sobre vários dos cinemas que já passaram pela capital potiguar. Foi um material muito rico que descobrimos no nosso processo de pesquisa. Já durante as filmagens, nos deparamos com um grande trabalho de pesquisa feito por Nelson Marques do Cineclube Natal, que também foi de grande valia e aprendizado pra todos nós.

3- Na sua opinião, esse quadro pode ser revertido caso houvesse interesse do público, produtores e iniciativa privada?

Olha, realmente tenho minhas dúvidas enquanto ao resgate dos cinemas de bairro. Infelizmente as pessoas se acostumaram, e foram se "educando" (ou reeducando) a fazer essa associação do shopping com a ida ao cinema. Seria difícil deslocar essa ideia da cabeça da população. Teria que ser feito um processo de “lavagem cerebral audiovisual" na cabeça das pessoas, e isso não é nada fácil. 
  No entanto, acho que seria possível a construção de um espaço exibidor voltado para o cinema com uma proposta de exibir filmes independentes, ou do circuito de arte, porque conseguiríamos agregar o público que consome um cinema diferenciado, que foge dos padrões "blockbusters". Esse nicho de pessoas frequentaria perfeitamente bem um espaço exibidor extra-shopping. Para que isso ocorra, era bom que houvesse um apoio de "órgãos competentes", né? !  ajudaria bastante.

4- Estive recentemente em Recife e vi que lá eles ainda mantém salas de Cinema na rua do centro da cidade. Com isso, algumas produções locais conquistam mais espaço para exibição de seus filmes que acaba fortalecendo o mercado do audiovisual local. Isso poderia servir de exemplo aqui em Natal?

Recife é um pólo violento de produção audiovisual; é até um pouco complicado comparar com Natal, que ainda está galgando os primeiros passos no âmbito cinematográfico. São vários os fatores que seguram um cinema de bairro em Recife, e um deles é exatamente o fato de que lá se produz muito cinema, e tem que haver um espaço para "vomitar" essa grande quantidade de produções. Daí ainda consegue sustentar um espaço exibidor de bairro. Eles precisam muito deste espaço até por necessidade de exibir as próprias produções. Acho que Recife é um exemplo pra qualquer cidade do país, no que diz respeito à cultura.

                                                                Cinema de rua ainda em funcionamento em Recife




5- Quais as maiores diferenças entre estudar Cinema em Natal e estudar em Brasília?

Olha, aprendi que o termo "faculdade de cinema" é algo meio subjetivo, abstrato. Primeiro porque nenhuma faculdade vai te formar cineasta, nem vai te preparar para enfrentar o mercado. A faculdade ajuda em outros aspectos, mas jamais tornará você um cineasta; é meio contraditório, mas é a verdade.
  Brasília oferece coisas que em Natal não existe, tais como um bom circuito de filmes, com opções que vão bem além do circuito comercial; diversas mostras e cursos na área, sem falar que em Brasília há uma quantidade de pessoas muito maior que em Natal que estão dispostas a trabalhar com cinema. O reflexo disso é que aqui se produz longas-metragens, e existem algumas produtoras que só focam no cinema, o que acaba tornando o mercado muito mais efervescente.

6- O que falta para alavancar nossas produções?

Fazer cinema é sinônimo de trabalho em equipe. Penso que aí em Natal existe certa desunião das pessoas da área, e que já são poucas. Em Recife, por exemplo, grande parte dos que trabalham na área, se ajudam!! o lema é esse: a união faz a força. Poxa, hoje tá muito mais fácil fazer cinema no Brasil! Temos muito mais ofertas de editais, o custo para se filmar é muito menor (o digital chegou pra facilitar as nossas vidas). Acho que o que falta é formar um grupo de pessoas que queiram encarar isso de uma forma madura e disciplinada, e o resto é meter a mão na massa. Viver de cinema é difícil, concordo; mas FAZER cinema não é tão complicado assim. Admito que a prefeitura e o governo não disponibilizem o menor apoio ao audiovisual, o que é um fator negativo, mas não impede que se desista por conta disso. Há outros meios. Com força de vontade, trabalho em equipe e um pouco de paciência as coisas chegam.






7- Você acredita que através da linguagem do audiovisual podemos provocar mudanças significativas em áreas sociais, culturais e até mesmo econômicas?

Sim, acredito veementemente que o audiovisual possui um poder de mudança fantástico, que é capaz de mudar o eixo de diversos problemas e situações conflitantes que assolam o nosso país. Lógico, para que as pessoas entendam o poder que a linguagem do audiovisual possui, é necessário que elas tenham contato com a EDUCAÇÃO. Para mim, esse é o caminho mais seguro para deixarmos de sermos apenas humanos, e nos tornamos seres ESCLARECIDOS. Alie a educação ao audiovisual, e o resultado será surpreendente.


                                                           Aperte o PLAY  e não deixe de ver:
                                                                                 "O FILME QUE DEIXAMOS DE VER"


                        



Dizem que as tribos se encontram...e é a mais pura verdade! Conheci Lucas na faculdade e de lá pra cá o Cinema e o Rock vem pautando nossa amizade. No Projeto Doc. Natal compartilhamos ideias, nas idas ao Cineclube aos sábados discutíamos Truffaut, e nos happy hours  ouvíamos rock e blues alto e em bom som.  O cara faz uma falta!!









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4 comentários:

Paulo Jorge Dumaresq disse...

Parabéns à entrevistadora Suerda Morais e ao entrevistado Lucas Galvão.
Da hora.
Abraçaço.

Estação Olhar Meu disse...

Obrigada Paulo!!!

Unknown disse...

Duas pessoas queridas, legal de ler! Gente com coração, opinião e desejo - é disso que o mundo precisa. Abração pra vcs!

Unknown disse...

Duas pessoas queridas, legal de ler!

Gente com coração, opinião e desejo: é disso que o mundo precisa.

Abração pra vcs!

CORUJAS E PITANGAS